Anos após as tragédias, crianças que tiveram a mãe morta pelo pai ainda vivem com marcas da perda. Psicóloga orienta como lidar com o luto
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A gari foi morta a facadas, na casa que morava, em Santa Maria. O homem fugiu do local pulando o muro da residência e, mais tarde, estacionou a moto em um acostamento e se jogou na frente de um ônibus.
Hoje, os filhos menores, de 6 e 12 anos, revezam-se em estadias na casa da avó – Lenita dos Santos, 59 anos, a quem coube a tutela deles –, e no imóvel onde cresceram, ocupado pelo irmão mais velho, de 20. Para a avó, criar os netos sem Jacqueline é “uma batalha”.
A tia, Tatiane dos Santos, 39 anos, relata que o ex-marido da irmã usava os filhos para vigiá-la. Pedia a eles que observassem Jacqueline e informassem todos os passos dela.
“Eles foram casados por 25 anos, mas ele só deu 20 dias de solteira para ela. Depois de 20 dias que ela pediu o divórcio, ele não aceitou e a matou dentro da casa que ela havia alugado”, narra a irmã.
“Os dois pequenos estavam na escola e o mais velho, trabalhando. Quando ele a matou, eu fui buscá-los no colégio e dei a notícia. O pequenininho nem conseguiu falar nada”, lembra.
Embora nenhum dos três tenha presenciado o crime, a tia conta que vê diferenças no comportamento deles após a perda da mãe. “O pequenininho parece que nem cresceu. Ele fala que a mamãe vem buscá-lo, fala sozinho às vezes e diz que está com saudades”, relata.
“O [filho] do meio já contou que o pai perguntava – e eles eram obrigados a falar – onde ela estava, a que horas ela tinha saído… Meu sobrinho se sente culpado por isso
Eu expliquei a ele que eles não têm culpa, de forma alguma. Sempre digo que Jacqueline amava demais os filhos.”
“Ela era uma boa mãe. Quando eles faziam besteira, ela reclamava, brigava. Eu e a minha mãe sentimos que não podemos corrigir da mesma forma, é mais com palavras, pedindo. Então é difícil, mas vamos levando com o tempo”, desabafa Tatiane.