RIO – O vereador Jairo Rodrigues dos Santos, o Jairinho, e sua namorada, Monique Medeiros da Costa Silva, ficaram separados dos demais presos na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, por questão de segurança. A informação foi dada no último dia 14 pelo secretário de Administração Penitenciária do Rio, Raphael Montenegro, ao Ministério Público estadual. O GLOBO teve acesso ao documento, endereçado à promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Sistema Prisional e Direitos Humanos.
O secretário confirma, no documento, que Monique ficou na sala de segurança e Jairinho, na sala do diretor, durante cerca de 40 minutos. Na semana passada, o MP recebeu denúncias de que o casal, preso pela morte do menino Henry Borel, teve regalias dentro da cadeia pública.
Montenegro explica que tão logo a secretaria tomou conhecimento da prisão do casal, houve planejamento para que eles não dormissem na José Frederico Marques, que é a porta de entrada do sistema prisional no município do Rio. Segundo o secretário, nos casos em que há risco à integridade física do determinado preso, é necessário fazer remanejamento de outros detentos para abrir as chamadas “celas de seguro”.
“No caso concreto, tendo em vista a prévia de ordem de transferência, entendeu o Diretor (da unidade) não haver sentido de se realizar (o remanejamento) de todo o efetivo carcerário ― apenas para aguardar a chegada das viaturas do Grupamento de Serviço de Escolta, que os encaminharia às respectiva unidades”, escreveu o secretário.
Montenegro detalhou, no documento, que Monique e Jairinho chegaram à unidade prisional às 13h16. Dois minutos depois, foram encaminhados ao setor de triagem, onde ficaram até s 13h33. Dezoito minutos depois, eles foram encaminhados para a audiência de custódia, realizada na própria cadeia pública.
De acordo com o descrito pelo secretário, ambos voltaram da audiência às 15h03 e foram encaminhados para aguardar em ambiente de uso comum, em frente à sala de segurança. “Com a iminente chegada de novos internos para triagem e classificação, diante da repercussão dos crimes dos quais os internos Jairo e Monique são suspeitos, e a classificação de alto risco à segurança pessoal dos mesmos, foi a interna Monique encaminhada à sala de segurança e o interno Jairo, à sala do diretor”, escreveu Montenegro.
O secretário narra que cada um permaneceu cerca de 40 minutos em cada uma da salas. Segundo ele, às 15h19 Monique foi levada para a sala de segurança e Às 15h31, Jairo foi para a sala do diretor. Às 15h59, Monique também foi para a sala do diretor para formalizar seu pedido de “seguro”, que ocore quando o preso declara temer pela própria integridade física. Às 16h03, ela embarcou na viatura para ser escoltada para o Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói. Às 16h10, Jairo foi encaminhado, pela escolta, para Bangu 8, onde encontra-se atualmente.
A análise do secretário Raphael Montenegro foi feita com base nas imagens do circuito interno do presídio.As câmeras de segurança flagraram, às 15h29, o diretor da unidade, Ricardo Larrubia da Gama, entregando um sanduíche para Jairinho. Montenegro afirma que o lanche foi o mesmo entregue a todos os outros presos. Cópias das imagens foram encaminhadas ao MP com o documento assinado pelo secretário.
No fim do documento, Montenegro afirma que após a análise das imagens, a Seap “declinou de abrir qualquer procedimento disciplinar contra o diretor do presídio Frederico Marques”. Ainda assim, Larrubia acabou pedindo exoneração do cargo após as denúncias de regalias. Ele foi dirigir outra unidade, o Instituto Penal Cândido Mendes.
“Sem prejuízo dessas informações, pede-se que este órgão de fiscalização do sistema penitenciário analise as imagens cedidas e, entendendo haver qualquer tipo de irregularidade, instaure investigação acerca dos fatos”, escreveu Montenegro no fim de sua manifestação ao MP.
Procurado pelo GLOBO nessa terça-feira, o Ministério Público informou que as imagens encaminhadas pela Seap ainda se encontram sob análise pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT) da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
“Somente a partir da conclusão da análise será possível a verificação de supostas irregularidades na recepção dos internos Jairo Santos Souza Junior e Monique Medeiros na Cadeia Pública José Frederico Marques para avaliação de eventuais providencias cabíveis pela Promotoria”, informou o MP.