Uma mensagem de texto que salta na tela do celular do pai. Fotos comprometedoras que a mãe esqueceu de deletar do aparelho.
A tecnologia e suas ambiguidades: nunca foi tão fácil trair nem tão difícil esconder… Principalmente quando se tem crianças ou adolescentes, esses seres atentos e curiosos que orbitam ao redor dos pais.
“Embora o relacionamento e o que acontece nele só diga respeito ao casal, é preciso pensar nas consequências da traição para a dinâmica familiar”, diz Denise Miranda Figueiredo, terapeuta de família co-fundadora do Instituto do Casal.
Nesta entrevista, ela explica o que passa na cabeça dos filhos que se deparam com a infidelidade e como os pais podem lidar com essa situação.
– A descoberta de uma traição interfere na forma como os filhos enxergam os pais?
DENISE – Nosso pais são nossos primeiros modelos, então há um desapontamento. A imagem idealizada que a criança ou o adolescente tinha dos pais se modifica.
Mas isso vai acontecer com o passar dos anos, independentemente de um episódio de traição, por meio de outras atitudes que observam.
Quando a gente cresce a amadurece, percebe que os pais não são super-heróis. Aliás, é importante saber que eles são falíveis, que erram, que pisam na bola. Tudo bem, eles são humanos.
– Os sentimentos e as reações dos filhos mudam de acordo com a idade deles?
DENISE – Mudam substancialmente. Uma criança que ainda tem essa visão dos pais como o super-herói e a Mulher Maravilha pode se sentir culpada, ter a fantasia de que fez alguma coisa de errado, medo de perder a família.
Se for um adolescente naquela fase de contestar tudo, peitar os pais… pode ficar ainda mais revoltado e usar essa traição como argumento nas brigas: “Olha o que você fez! Você não tem direito de falar nada”.
– O filho deve ficar num dilema entre contar ou não contar o que sabe…
DENISE – É muito ruim que ele guarde segredo porque vai ficar mexido com essa informação. Não deve se responsabilizar por algo que não está fazendo.
O melhor é expor a situação. Pode ser uma conversa com quem traiu ou com os dois. Talvez se fortalecer antes de tomar alguma atitude, procurando alguém da família ou dizendo para os pais que precisa conversar com um terapeuta.
Agora, provavelmente, uma criança não terá condições de fazer isso…
– O que os pais, tanto quem traiu quanto quem foi traído, devem dizer aos filhos sobre a infidelidade?
DENISE – Em primeiro lugar, é importante separar os papéis – o relacionamento parental do conjugal. Dizer para os filhos que houve uma traição em relação ao papel de marido e mulher, não no papel de pai e mãe.
Mostrar que são coisas diferentes e uma não interfere na outra. Oriento que os pais apenas informem que estão tendo dificuldades (sem entrar em detalhes), mas que são adultos e vão resolver sozinhos. Os filhos precisam ser protegidos e “blindados” ao máximo nessa história.
– Mas tem quem tente se vingar do(a) parceiro(a) por meio dos filhos, né?
DENISE – É horrível e muito perverso que a pessoa traída fique destacando o tempo todo a traição diante dos filhos. Por exemplo: “Olha o que a sua mãe fez, ela acabou com a nossa família”.
Por isso é fundamental buscar orientação psicológica, alguém que atue como mediador do conflito e ajude o casal a conversar com franqueza e sem envolver os filhos.
Se não tiverem condições de contratar um terapeuta, podem procurar atendimento gratuito em algumas universidades – como UNIFESP e PUC, em São Paulo. Se fizerem parte de uma comunidade religiosa, procurem o pastor ou o padre ou outro guia espiritual capaz de aconselhá-los.
– Alguém da família também pode ajudar a lidar com a crise?
DENISE – Melhor que seja um padrinho ou um amigo dos dois… alguém mais próximo da “imparcialidade”. Inclusive porque o traído pode decidir perdoar.
No Instituto do Casal, a maioria dos casais que vive a infidelidade em algum momento de suas relações não se separa por causa disso. Mas se optarem pela separação, é essencial deixar claro que continuam amando os filhos.
– Nesse contexto, sempre existe impacto no futuro da criança ou do adolescente?
DENISE – Claro que sim, mas depende de como essa situação será conduzida pelos pais e qual o seu desfecho. O impacto pode ser o medo de que o padrão se repita em seus relacionamentos: “Se houve uma traição entre as pessoas que eu confiava tanto, em quem vou confiar?”.
***Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo. Imagem: Pixabay
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Investigamos os principais sites para pessoas casadas que querem pular a cerca. Veja o resultado
Por Pedro Borg
A tentativa de desvendar o universo feminino já deixou muito homem maluco. Entre tantas coisas que não entendemos, uma sempre me ressabiou: o que, afinal, leva uma mulher a trair o marido?
Carência devido a uma relação longa e já sem aquela paixão do início? Vingança por coisas que o homem fez? Ou, mais assustador, pura diversão?
Para entender melhor esse assunto tabu em rodas masculinas, me cadastrei nas duas maiores redes sociais especializadas em encontros discretos para pessoas casadas: Ashley Madison e Second Love.
Há mais de um ano no país, o Ashley Madison já conta com mais de 1 milhão de usuários, enquanto o holandês Second Love tem 200 mil cadastrados.
Criei um perfil nas duas redes sociais com as mesmas características: publicitário, 32 anos de idade, casado há cinco, branco, 1,77 metro de altura, 74 quilos, cabelos curtos e começando a ficar grisalho (elas adoram um grisalho).
Me descrevi como um homem que gosta de novas “aventuras” e de frequentar lugares “discretos” – palavras-chave nos sites de relacionamento extraconjugal.
Pus nome (falso) e foto (verdadeira, com Photoshop para deixar o cabelo mais acinzentado).
Sem falsa modéstia, fiquei envaidecido quando, pouco mais de meia hora depois de o meu perfil ir ao ar, recebi sete solicitações de amizade, de quatro loiras e três morenas (em um mês, foram 70 pedidos e 78 piscadas, algo como a cutucada do Facebook).
São mulheres bonitas, bem conservadas, estruturadas profissionalmente e casadas já há algum tempo – cinco anos pelo menos.
Durante os 30 dias de pesquisa, conversei com 14 mulheres.
Dessas, tive um papo mais longo com quatro. Com outras sete tive conversas breves – quando eu perguntava onde moravam ou o que faziam da vida, ficavam offline instantaneamente.
Talvez por medo de qualquer detalhe revelar suas identidades. Ou talvez porque não me curtiram mesmo. Nem todas estavam lá para pular a cerca.
Três eram garotas de programa. Uma delas, de 29 anos, morena e bonita, anunciou o preço de cara: R$ 300 para sair comigo.
Minhas mulheres
A primeira com quem conversei pelo chat do Ashley Madison foi uma loira de São Paulo – vou chamá-la de Marina (mudei todos os apelidos e uma ou outra informação pessoal das mulheres citadas nesta reportagem, para que elas não corram o risco de ser identificadas ou localizadas. Mas elas são reais, recebi fotos de todas, e as conversas são absolutamente verdadeiras).
Marina tem 36 anos e é casada há 14. Foi ela quem teve a iniciativa de puxar assunto. Com muito papo e jogo de cintura, tentei conseguir alguma explicação para a sua pulada de cerca.
Fazendo um pouco de mistério (dica 2: mulheres curtem homens com um quê misterioso) e dando uma de inexperiente na área, perguntei a ela o motivo de frequentar aquele site de traição, se já tinha saído com outros homens e há quanto tempo fazia isso.
Segundo ela, há mais ou menos cinco anos seu marido parou de procurá-la e deixou de ser carinhoso.
Marina conectara-se ao portal havia quatro meses por indicação de sua melhor amiga, que sabia da situação amorosa dela e já tinha sido usuária do Ashley.
“Já fiz alguns amigos aqui, que me cobriam de elogios e atiçavam minha imaginação falando o que queriam fazer comigo… Isso me dava muito tesão. Até que um dia resolvi marcar um encontro num motel do outro lado da cidade, bem longe da minha casa.
A partir daí mudei minha forma de pensar e de agir. Ainda sou jovem e estou até pensando em me separar. Consigo arrumar um gato para mim.”
Quem se cadastra em um site desses e premedita a traição, imagino, deve estar bem certo do que quer.
Argumentos para a pessoa não ficar arrependida os promotores dos portais têm aos montes.
O diretor-geral do Ashley Madison no Brasil, Eduardo Borges, afirma que seu site serve para que os casais não se divorciem.
“Os usuários só me mandam histórias bonitas. A traição salva o casamento. Em vez de o sujeito se divorciar, ele trai e ponto final. A família continua inteira”, me disse ele quando, já identificado como jornalista, o entrevistei.
De acordo com ele, os usuários, em sua maioria, são casados e amam seus parceiros, mas não estão satisfeitos com a quantidade de sexo que têm em casa. E, usando portais discretos como esses, encontram pessoas exatamente com os mesmos interesses, sem riscos.
Uma pesquisa feita no país inteiro e publicada pela VIP em outubro de 2011 mostra que 64% das mulheres já traíram seu companheiro uma vez na vida: 42% delas com sexo e 22% apenas com beijos.
Entre os homens, o índice é um pouco maior: 73% já colocaram chifres na cabeça de suas esposas. Só que, para elas, arrependimento não parece estar no vocabulário: 72% das mulheres que afirmaram ter traído disseram que não tinham peso algum na consciência, contra 65% dos homens.
O índice obtido pelo site Second Love entre sua base de usuárias é ainda maior: 85,8% são categóricas ao afirmar que não se arrependem da traição.
No mesmo dia de Marina, conversei com Paula, profissional liberal carioca de 38 anos, mãe de um casal e casada há 12 anos com um ginecologista (ironia?).
Sua maior queixa do marido e principal fator que a impulsionou a entrar no site foi a falta de atenção e o pouco tempo que o doutor dá a ela.
Depois que o segundo filho nasceu, a situação piorou. “Ele ficou mais relaxado. No começo eu até tentava alguma coisa, mas ele dava umas desculpinhas, dizia que estava cansado, que em poucas horas teria que sair para o plantão…”, disse ela.
“Até imaginei que ele pudesse ter uma amante. Cheguei a segui-lo várias vezes, mas não descobri nada. Aí percebi que foi o tesão dele que acabou. Mas o meu, não. Hoje em dia a gente quase não faz mais sexo.” E foi aí que ela começou a procurar outros homens.
“Não costumo sair com nenhum homem aqui no Rio, mas viajo muito por causa do meu trabalho e aproveito essas brechas para fazer novas amizades.
Isso não quer dizer que em toda viagem eu saia com alguém. Às vezes não tenho vontade”, confessa Paula, que é assinante do secondlove.com há um ano.
Perguntei se ela pretendia se separar do marido e ela negou, disse acreditar que isso não é motivo para pôr fim a um casamento de longa data como o dela.
Com uma história bem diferente, Laura conversou muito tempo comigo no chat do Second Love. Falamos sobre várias coisas: música, filmes, viagens… Até que, na terceira vez que nos encontramos no MSN, consegui descobrir por que ela enganava o marido.
“Descobri que ele havia me traído. E não tinha sido só uma vez, não. Aí, você sabe, não consigo mais acreditar nele. Então eu faço isso. É uma maneira de me sentir vingada, entende?” Ok, dá para entender.
Eis que, quando já estava convencido de que as mulheres só enfeitam a cabeça dos seus maridos por se sentirem abandonadas e carentes, me aparece a Carolina, uma dona de casa de 33 anos, casada há cinco e sem filhos. Sem muita enrolação, ela me disse que trai o marido por prazer. Simples assim.
“Eu gosto de sexo. Gosto de descobrir o prazer que os outros homens podem me dar”, confessa. Conectada ao Ashley Madison há nove meses, ela me disse que já saiu com 11 homens nesse período.
“Eu não estou insatisfeita com meu casamento nem pretendo deixar meu marido. Só gosto de transar com outros homens, experimentar novos sentimentos”, afirma.
Interessante, não? Logo imaginei quantas histórias curiosas ela teria para me contar. Mas primeiro tive que investir em um papo mais longo, para ela não perceber que eu estava, digamos, “investigando” sua vida.
Contei sobre minhas supostas aventuras extraconjugais e pedi que ela me contasse alguma delas.
Carol disse que, como não trabalha, costuma marcar seus encontros à tarde, quando o marido está no escritório. A maioria deles ocorre em motéis, mas ela já esteve na casa de um cara que conheceu no site.
Sem falar em aventuras bem mais ousadas, como uma que rolou durante viagem que fez com o marido ao Nordeste. “Eu me interessei por um dos funcionários do hotel.
Era um moreno de cabeça raspada, com o corpo sarado. Eu trocava uns olhares e dava sorrisos de canto de boca”, lembrou Carol.
Perguntei como ela tinha conseguido despistar o marido para encontrar o cara do hotel.
Ela respondeu: “Aproveitei que meu marido tem um sono muito pesado e acordei de madrugada. Desci até a recepção, onde ele ficava, e fiz um sinal com a cabeça para ele vir falar comigo.
Na mesma hora ele respondeu com outro sinal para eu segui-lo. Entramos em um quarto que parecia um depósito na área da piscina e ficamos ali. Acho que essa foi a maior loucura que fiz. Mas foi bom”.
Que safada, pensei. E dessa vez nem precisou da ajuda de site nenhum.