
Após publicar anúncios falsos em sites de encontros, a mulher da quadrilha fazia contato com os interessados e enviava áudios sedutores

|
ouvir notícia
|
O grupo se passava por integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e usava uma falsa garota de programa para atrair e intimidar as vítimas. Na verdade, a “prostituta” era dona de um salão de beleza.
Segundo os investigadores da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), os criminosos agiam com frieza e com discurso afiado. Após publicar anúncios falsos em sites de encontros, a mulher da quadrilha fazia contato com os interessados e enviava áudios previamente gravados para dar aparência de profissionalismo ao “serviço”.
Nessas mensagens, a golpista, identificada como Ketlin Tatiele Santana Amaral, 23 anos, dizia que, antes do encontro, era necessário pagar uma taxa de manutenção do quarto, de R$ 100, além de supostos custos com roupas de cama, limpeza do ambiente, toalhas e descartáveis. O tom era sedutor, mas direto: sem o pagamento antecipado, não haveria atendimento.
Ouça a falsa garota de programa:
Poder de intimidação
Depois da transferência, o golpe mudava de fase. Os criminosos assumiam a comunicação e passavam a se identificar como cafetões, que seriam integrantes do PCC.
Sob ameaças, exigiam quantias adicionais, afirmando que o cliente havia desrespeitado as “regras da facção” e seria punido caso não colaborasse.
O uso do nome do PCC era uma peça central na engrenagem criminosa. De acordo com a polícia, mesmo sem qualquer ligação real com a facção, os golpistas exploravam o medo e o constrangimento das vítimas.
Em golpes semelhantes, muitos homens, com receio de ter a vida exposta ou sofrer violência, optavam por continuar pagando em silêncio.
“Eles sabiam que a vergonha era a arma mais forte. Os criminosos jogavam com o psicológico da vítima, que não queria se expor para a família ou para a sociedade.
Era um sequestro moral disfarçado de ameaça criminosa”, explicou o delegado-chefe da 15ª DP, João de Ataliba.
A operação
A ação deflagrada nessa quarta-feira (20/8), batizada de Falso Anúncio, contou com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Criminal do DF.
A investigação teve início em fevereiro deste ano, após a vítima, um homem de 31 anos, ter acessado um site de acompanhantes e ser extorquido pelo bando.
Durante as buscas, foram apreendidos celulares e computadores que serão periciados para rastrear conversas, áudios e possíveis novas vítimas.
A investigação aponta que o grupo atuava em diferentes estados, ampliando a rede de golpes pela internet.

















