Ao depor à Justiça de Minas Gerais, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior negou ter assassinado a tiros o gari Laudemir de Souza Fernandes, 24 anos, e alegou sofrer humilhação por policiais penais no presídio. As afirmações foram feitas durante a audiência de custódia, realizada nessa quarta-feira (13/8) e gravada em vídeo (veja abaixo), que determinou a prisão preventiva do suspeito.

Ele ainda detalhou que as testemunhas o confundiram com outra pessoa e como foi o momento da prisão em flagrante. O crime ocorreu em Belo Horizonte, capital do estado.

“Na boa, só teve uma situação constrangedora, e eu tenho o nome da pessoa. Ela (agente penal) me pediu para agachar três vezes quando saí da cela. Havia algumas agentes presentes, e falaram: ‘Pô, você matou o gari. Por quê, seu covarde?’ Eu respondi a elas que é preciso entender que há investigação em curso”, contou Renê.

Neste momento, Renê é questionado sobre como foi tratado ao chegar a um dos presídios do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp). O suspeito se esquivou das acusações, alegando que havia “investigação em curso”, disse que contaria à Justiça que foi ameaçado e que teve de dormir no chão da cela.

Veja o vídeo:

Ainda em defesa das acusações, o empresário afirmou não vestir as roupas descritas pelos investigadores e que não tinha o mesmo carro que alegam. Ele declarou que está comprovado em câmeras de segurança que seguiu a rotina normalmente, dando a entender que as investigações iniciais são imprecisas.

Entenda o caso

• O crime brutal ocorreu nessa segunda-feira (11/8), após um desentendimento no trânsito. Laudemir outros colegas de trabalho recolhiam resíduos, quando Renê passou com seu carro elétrico e pediu que o caminhão do serviço de limpeza urbana se retirasse da via porque, segundo ele, causava obstrução na passagem.
• A motorista do caminhão disse a Renê que, apesar do caminhão estar na frente, ainda era possível passar com o carro na via ao lado. O empresário ameaçou dar tiros, caso ela não tirasse o veículo. Após ultrapassar o caminhão, o empresário saiu do carro e atirou contra Laudemir, atingindo o trabalhador
• No local, os policiais encontraram Laudemir deitado, com intenso sangramento no tórax. Ainda com sinais vitais, o rapaz foi transportado para o Hospital Santa Rita, em Contagem.
• Médicos da unidade hospitalar constataram que a bala perfurou a costela direita de Laudemir, atravessando o corpo e ficando alojada no ante-braço esquerdo.
• O trabalhador não resistiu aos ferimentos, e a causa da morte foi apontada como hemorragia interna provocada pelo projétil, que ficou alojado no corpo.

“Cheguei da academia 14h10, deve estar nas câmeras da academia. Adentrando a academia no elevador, no outro elevador estavam os policiais com a advogada da empresa, acredito que a empresa que o rapaz que teve a infelicidade de falecer. Ela falou: É esse rapaz aí de bermuda azul e blusa branca. Só que não é a mesma roupa que eu estava de manhã., eu estava de calça social preta e camisa polo marrom.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) detalhou que Renê continuará preso até o desfecho da investigação.