Especialistas dizem que o sexo agendado é uma maneira legítima de reacender o tesão no casamento. Maria Cristina Romualdo, terapeuta sexual e doutoranda na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) defende o agendamento como alternativa.
Adiar a transa é um risco constante e ter um “compromisso” com o parceiro pode ser a forma de manter não só o sexo em dia, mas a própria intimidade do casal. O importante não é quantidade, mas qualidade.
“O tesão não precisa ser prioridade, mas buscar outras fontes de prazer em estar com aquela pessoa. Se o corpo do outro não desperta mais, tocar e ser tocado ainda pode ser prazeroso e, aí sim, o desejo sexual reaparece.
Basta o casal se dedicar a isso. Antes de cobrar o outro, é preciso pensar em si mesmo”.
Na casa de Amália as coisas mudaram quando a filha do casal chegou, mas ela não joga a culpa dos impasses na maternidade.
“Foi difícil, cansativo, mas nos adaptamos. Aqui precisamos estar felizes conosco primeiro para o sexo fluir bem, para termos vontade um do outro. Já tivemos, sim, fases mais espontâneas, mas hoje é assim que rola”.
A psicoterapeuta sexual Iracema Teixeira diz que o problema é se deixar levar pela monotonia. “Quando o casal usa a intimidade como desculpa para não se dedicar mais ao romance é um problema.
Pessoas envolvidas em relações de longa data precisam entender que a garantia não acabou, ainda estão no prazo de validade”.
A especialista afirma que a ideia de que o amor resolve é equivocada. “Relação é ralação”.
De acordo com Jessica, da Universidade de Toronto, os desacordos sobre sexo são inevitáveis, por isso, considere que “sua vida sexual é como um jardim e precisa ser regada e nutrida para continuar existindo”.
Os resultados do estudo da psicóloga sublinham a importância da terapia sexual para os casais entenderem que problemas são naturais e não significam o fim do relacionamento.
Sexo é tudo?
Para 95,3% dos brasileiros, o sexo é importante para a harmonia do casal. Os dados são da pesquisa Mosaico 2.0, coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo), que traçou o perfil sexual do brasileiro em 2016.
O estudo ouviu 3 mil pessoas com idade entre 18 e 70 anos.
As especialistas entrevistadas pelo UOL, entretanto, acreditam que não há como traçar padrões quando o assunto é relacionamento e sexo.
“Se o casal está satisfeito em transar todos os dias ou uma vez por ano, ninguém pode dizer se isso é bom ou ruim.
Quando um se queixa da baixa frequência, aí é necessário entender o que está acontecendo e como chegar a um consenso, no qual ambos se sintam felizes”, fala Maria Cristina.
Para Amália, a felicidade da união está além. “Eu acho que a gente se ama muito quando partilhamos um tempo livre de fruição.
Deitados juntos a falar da vida, de política, de arte…. Às vezes sinto que precisamos tanto disso quanto de sexo. É isso que cuida de nós”.
Após “a fase de lua-de-mel”, a relação se configura mais companheira, com enquadro nos projetos de longo prazo, segundo Iracema, mas a atenção para a vida a dois precisa continuar.
“É importante sempre ficar atento ao elogio e diminuir as críticas negativas. A gente acaba tendo muitas obrigações e se falando só por conta delas.
Carinhos, aquela mão boba, e até a investida em um novo brinquedo sexual precisam continuar em cena”.