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Cai o sigilo de 100 anos que protegia a fraude no cartão de vacina de um mentiroso compulsivo

 

presidente Jair Bolsonaro e Mauro Cid descem a rampa do PlanaltoHugo Barreto/Metrópoles
São tantas as emoções… Como viveremos sem Bolsonaro, um dia, se ele for condenado, preso e sair de circulação por um longo tempo? O Rio de Janeiro viveu por muitos anos sem Sérgio Cabral porque antes dele, e depois, houve quem pintasse e bordasse no governo, alimentando a indignação ou a indiferença dos cariocas.

Mas no caso do Brasil, presidente algum, desde o enterro da Velha República em 1930, foi como Bolsonaro e a gangue que o cercou durante quatro anos, capazes de coisas inacreditáveis, e todas em prejuízo do país. E, apesar disso, pasmem, conta com o apoio de uma fatia expressiva da população cega ou à semelhança deles.

Já existiram no Congresso o Colégio dos Cardeais, o Baixo Clero e Bolsonaro. O Colégio reunia as mais distintas cabeças do Senado e da Câmara, que, em época de crises, independentemente de partidos, buscaram saídas para desinflá-las. Do Baixo Clero faziam parte, principalmente, os deputados de escassa projeção.

Nada impedia que, com a experiência e o respeito adquiridos, alguns deles se destacassem e fossem admitidos no Colégio. Bolsonaro destacou-se por sua estridência, ignorância que o incapacitava para a discussão de qualquer assunto, e assumida vocação para enriquecer ilicitamente, às favas escrúpulos e leis.

Como o acaso, porém, é o que na maioria das vezes determina nossas vidas (a propósito: recomendo a leitura do livro “O andar do bêbado”, escrito por Leonard Mlodinow), Bolsonaro estava no lugar certo e na hora certa em 2018, quando para espanto dos seus amigos, e sobretudo dele mesmo, elegeu-se presidente.

Era mais do que previsível que fosse um desastre como presidente, a empurrar o país a lugar algum, a não ser para o buraco. Mas quem imaginaria que, durante uma pandemia, ele preferisse estimular a morte ao invés de salvar vidas? Quem imaginaria que, ao invés de se vacinar, preferisse falsificar seu cartão de vacina?

Quis fazer de um dos filhos medíocres o embaixador do Brasil em Washington, e isso por si só dá a medida de sua estupidez. Quis que um jato da FAB sobrevoasse baixinho o prédio do Supremo Tribunal Federal para estilhaçar o vidro de suas janelas, e isso por si só dá a medida a medida do seu desprezo à democracia.

Quis apoderar-se de joias milionárias que entraram ilegalmente no país, um golpe que garantiria o exílio dele e da mulher por muitos anos se fracasse o golpe que deixou pronto antes de partir – jogada esperta em causa própria. Deu tudo errado. O Brasil paga por seus erros. Mentiroso compulsivo, só lhe resta seguir mentindo.

Voltou a fazê-lo diante da quebra do sigilo de 100 anos que ele decretou em torno de seu cartão de vacina. À pergunta tantas vezes repetida sobre a falsificação do cartão limita-se a responder que jamais se vacinou, só quem o fez foi Michelle. Pergunta-se uma coisa, ele responde outra. Truque antigo.

Vai sobrar para o tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, que esteve à frente da tramoia, mas com o pleno conhecimento dele. Vai sobrar para outros malfeitores que, sob o comando do militar que envergonha a farda que veste, se meteram na bizarra fraude para beneficiar um presidente fraudulento.

Diz-se há muito tempo que a hora de Bolsonaro ser condenado e preso está chegando. Inverta-se o anunciado: parece estar próxima a hora de ele ser preso e, mais tarde, condenado.

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