Com o mega-aumento no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras, os motoristas de aplicativo de Minas Gerais já alertam para o risco do serviço acabar no Estado. A afirmação, feita nesta sexta-feira (11) à O TEMPO, é da Associação dos Prestadores de Serviço que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos de Economia Compartilhada (APPEC).

Antes mesmo do anúncio do novo aumento, nesta quarta-feira (10), Warley Leite, presidente da associação, já alertava para esse risco. “Era iminente, por conta da baixa remuneração, do baixo repasse desses aplicativos para os motoristas e entregadores. Agora, com esse novo aumento, a situação ficou impraticável”, argumenta.

Segundo ele, a tarifa mínima, para corridas de menor distância, está em torno de R$ 5, enquanto o litro da gasolina já ultrapassa os R$ 7 em Belo Horizonte e deve se aproximar de R$ 10 no interior.

“Muitos motoristas estão desistindo da atividade, principalmente aqueles que a tem como fonte principal de renda, que acordam de madrugada e rodam por mais de 12h por dia. Esse cara, antes do aumento, fazia em média R$ 250 e deixava R$ 120 no posto, sem contar alimentação, o plano de celular e a manutenção do carro. Agora, vamos pagar para trabalhar”, complementa Warley.

A reportagem procurou os principais aplicativos destes serviços, 99 Pop, Uber e iFood. 

Segundo a iFood, a empresa está acompanhando o cenário e segue dialogando com os entregadores “como parte do processo de escuta que já resultou em medidas importantes para a categoria na questão de ganhos, bem-estar e transparência”, disse a empresa.

Já a Uber anunciou, nesta sexta, um pacote de medidas para ajudar a mitigar os custos dos motoristas parceiros com a alta dos combustíveis.

“Serão investidos cerca de R$ 100 milhões no Brasil nas próximas semanas em iniciativas voltadas ao aumento nos ganhos e redução dos custos dos nossos parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens”, explicou.

A 99 Pop também anunciou um reajuste de 5% o km rodado no ganho do motorista de todo o país. “Este acréscimo será implementado já nos próximos dias, em todas as 1.600 cidades onde a empresa opera. Sabemos que cada km conta. Paralelamente, a plataforma está  testando uma solução de subsídio para acompanhar automaticamente as flutuações dos combustíveis, tanto para cima quanto para baixo”, disse o app.

ENTIDADE FEZ DENÚNCIA AO MPMG

Ainda segundo o presidente da APPEC, nesta sexta a entidade fez uma denúncia junto à Defensoria Pública de Minas Gerais denunciando o que eles consideram um “preço abusivo” dos combustíveis.

“Não justifica a gente pagar um preço em dólar se ganhamos em real. Hoje essa alta não afeta só os motoristas e entregadores de aplicativo, mas todos os cidadãos. Vai impactar no preço da comida, no custo de vida do brasileiro”, argumenta Leite.

O objetivo da ação é diminuir ou, ao menos, congelar o preço dos combustíveis. A associação também está terminando de finalizar um abaixo-assinado virtual e pede o apoio de toda a população para assinar o protesto.

Para ter acesso ao documento, basta procurar o WhatsApp da APPEC, no número (31) 9 8393-2487.