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Editorial | Folha de Patrocínio: Deiró Marra e a caridade de conveniência
Ao usar indenização judicial como vitrine e atacar a imprensa, ex-prefeito expõe contradições morais, reabre passivos políticos e foge de respostas que Patrocínio cobra há anos.

Há atos que se sustentam pelo silêncio. Outros, pelo constrangimento que provocam. A recente encenação pública protagonizada por Deiró Marra, ao transformar uma indenização judicial em espetáculo e munição contra jornalistas, enquadra-se sem esforço na segunda categoria.
Não se discute a existência da doação ao Asilo. Discute-se o método, a origem do recurso e, sobretudo, o objetivo declarado após o gesto. Cumprir decisão judicial não é altruísmo; é dever. Converter esse cumprimento em palanque político, ainda mais para atacar a imprensa, esvazia qualquer discurso de solidariedade.
A tentativa de se promover com valores irrisórios diante de sua conhecida condição financeira soa ainda mais ofensiva quando se usa idosos como pano de fundo para agressões gratuitas. Se houvesse genuíno compromisso humanitário, a contribuição sairia do próprio bolso, seria proporcional à capacidade econômica e dispensaria holofotes. Doação verdadeira não precisa de plateia — muito menos de inimigos artificiais.
A Folha de Patrocínio não cria fatos. Publica decisões, registra documentos, noticia o que é público. Não inventa inelegibilidade; informa decisões da Justiça Eleitoral. Não fabrica condenações; noticia sentenças. Não levanta suspeitas ao acaso; reproduz questionamentos que ecoam na cidade há anos e permanecem sem respostas.
E são muitas as perguntas.
Por que Deiró Marra está inelegível por oito anos?

Qual foi o destino de recursos destinados ao Hospital do Câncer de Patrocínio, cuja ausência segue sem esclarecimento público?

Onde foram parar os barracões da Casemg, patrimônio avaliado em milhões, sistematicamente varrido para debaixo do tapete?

Onde foram parar o Barracões da Casemg? Ex-prefeito nunca se pronunciou sobre isso, será por qual motivo esse enigma permanece intrigando a mente da população?
O que há a dizer sobre os episódios envolvendo lotes na região da Astolfo Mendes, objeto de investigações e ampla repercussão à época?
https://www.instagram.com/reel/DAs-VoAxPhH/?igsh=MXhidnpyYmh6bXR0Yg==
Também são públicos registros de condenações já julgadas, como no caso envolvendo a Vale, com pena convertida em prestação de serviços comunitários.


Assim como é público o histórico de ações judiciais movidas contra este jornal — e o fato de a maioria delas não ter prosperado. Judicializar a crítica nunca foi sinônimo de razão. Apenas de tentativa de intimidação.
Usar uma instituição séria como escudo retórico e a filantropia como arma política é moralmente reprovável. Atacar jornalistas por cumprirem seu papel é incompatível com qualquer discurso democrático. Quando a caridade vira instrumento de vingança, o problema não está em quem noticia, mas em quem encena.
A Folha continuará fazendo o que sempre fez: informar, questionar e preservar a memória pública. Porque em Patrocínio, mais cedo ou mais tarde, os fatos sempre cobram explicações.
Todas imagens utilizadas são de domínios públicos. Reprodução.
Nota Editorial – Fundamentação Jurídica
Este editorial consiste em manifestação opinativa institucional, amparada pelo exercício regular da liberdade de expressão e de imprensa, assegurado pela Constituição Federal. O texto observa os parâmetros fixados pela jurisprudência constitucional e infraconstitucional quanto à prevalência do interesse público, à proteção reforçada da crítica jornalística dirigida a agentes públicos e à distinção entre juízo de valor e imputação factual. As análises e questionamentos aqui formulados baseiam-se em fatos públicos, decisões judiciais, registros oficiais e informações amplamente divulgadas, não havendo atribuição direta de crime, afirmação sabidamente inverídica ou ofensa pessoal dissociada do debate público. A crítica severa, quando fundada em dados verificáveis e interesse coletivo, integra o núcleo essencial do Estado Democrático de Direito e do papel fiscalizador da imprensa.
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