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Estados Unidos voltou atrás da decisão de abolir as máscaras. Na Inglaterra, por enquanto, o uso não é mais obrigatório
Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo precisou voltar atrás da decisão de abolir as máscaras por conta da variante Delta do coronavírus — que também já está circulando no Brasil.
O Reino Unido, que tem uma das maiores taxas de vacinação do mundo, derrubou a obrigatoriedade há cerca de duas semanas, e ainda monitora o cenário.
Para Gulnar Azevedo, epidemiologista associada à Abrasco e professora do IMS/UERJ, é muito cedo para propor o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras no Brasil.
“Depende muito de quantos por cento da população adulta estará vacinada com as duas doses. Enquanto não tivermos a garantia de uma população bem coberta, com 75%, 80%, sem risco de novas variantes circulando, não será possível. Falar isso agora dá a sensação que a epidemia está controlada, e não é o caso”, diz.
A epidemiologista explica que só quando a curva de novos casos e óbitos em decorrência da doença estiver baixa, como acontece hoje com a influenza, será completamente seguro largar as máscaras.
José David Urbaez, presidente da Sociedade de Infectologia do DF, considera “fora do senso de realidade” pensar em flexibilizar o uso de máscara com datas fixadas, como alguns gestores pretendem.
“Ainda temos uma alta transmissão do vírus. A vacinação anda a passos lentos, com irregularidades no abastecimento. Falar nisso, nesse momento, quando menos de 20% da população está completamente imunizada é uma ficção de normalidade que não existe”, opina.
Gulnar ensina que o fim do uso de máscaras será uma liberdade adquirida, mas outras medidas de proteção que já se tornaram parte da rotina, como a higiene das mãos e o isolamento quando aparecem os primeiros sintomas da gripe, devem continuar no futuro. “Escolas vão precisar oferecer um espaço para lavagem de mãos aos alunos, por exemplo”, afirma a epidemiologista.
Urbaez diz que o brasileiro não deve usar máscara para sempre, mas o item de proteção fará parte da rotina de pessoas que estão com sintomas respiratórios, por exemplo, como já acontece nos países asiáticos. “Esse será um legado da pandemia”, afirma.