👉📢✍👍👏🤔🚀🙄👀Educação sexual em casa: como tirar as dúvidas das crianças? Esqueça a história da cegonha
Segundo psicólogas, é importante que adultos reajam com naturalidade às perguntas e investiguem o que as crianças já sabem para formularem resposta simples e verdadeira.
Por Luiza Tenente, g1m
Educação sexual em casa
Não se assuste com o título desta reportagem: falar de sexualidade é muito diferente de falar do ato sexual. Uma criança deve saber, desde cedo, quem pode vê-la sem roupa (só o papai, a mamãe e o pediatra, por exemplo) e como cuidar de suas partes íntimas. Cabe à família (mais tarde, também à escola) introduzir esses temas de forma lúdica e carinhosa, com naturalidade.
É claro que, com o passar do tempo, as dúvidas mais elaboradas vão surgir: “mãe, como que o bebê vai parar dentro da barriga?”.
Segundo psicólogos ouvidos pelo g1, o importante é que os adultos não se desesperem — não saiam dando uma grande “aula”, cheia de detalhes que as crianças nem vão entender, mas também não mintam (nada de história de cegonha!).
O que fazer, então? Leia a reportagem abaixo para saber:
- quais temas podem ser abordados;
- qual é a importância de falar sobre sexualidade desde cedo;
- a partir de que idade conversar sobre sexualidade com os filhos;
- quais os momentos ideais para falar do assunto;
- como agir diante da masturbação infantil.
👶 Quais temas podem ser abordados?
Na infância, as crianças devem aprender a:
- conhecer o próprio corpo e saber os nomes corretos de cada parte dele (mesmo que, no dia a dia, sejam usados apelidos, como “pipi” e “pepeca”);
- aprender a higienizar as partes íntimas;
- entender as noções de privacidade e intimidade;
- saber em quem podem confiar;
- detectar o que é um toque de carinho e o que é invasivo e desconfortável;
- respeitar os diferentes tipos de família;
- dar nome aos seus sentimentos;
- entender que a curiosidade a respeito do próprio corpo (ou da reprodução humana) é normal.
“Falar desde cedo sobre sexualidade ajuda as crianças a se entenderem como seres únicos, donos de seus próprios corpos”, afirma Angelita Wisnieski, psicóloga do Hospital Pequeno Príncipe (PR), o maior hospital exclusivamente pediátrico do país.
“Elas percebem que o corpo da irmã tem uma partezinha diferente do corpo do irmão, por exemplo. São noções que podem ser construídas na intimidade ou em histórias infantis”, diz.
Como tirar as dúvidas de sexualidade das crianças? — Foto: Reprodução/Unsplash
🤱 Por que falar de sexualidade desde cedo?
Quando a criança sabe nomear suas partes íntimas corretamente e entende as noções de intimidade, fica mais protegida de casos de abuso sexual. Ela terá recursos para detectar qualquer desrespeito em relação ao seu corpo e saberá com quem falar sobre isso em segurança.
🗣️ A partir de que idade falar sobre sexualidade? Quais os momentos ideais para ter a conversa?
Rita Calegari, líder da equipe de psicologia da iCareGroup, explica que os assuntos de sexualidade devem fazer parte da rotina da criança desde que ela é bebê.
“Pai, mãe, avô ou avó, seja quem estiver dando banho nela, já pode explicar que nenhum estranho deve encostar naquele corpinho”, afirma.
“São mensagens que vêm no meio de uma brincadeira, [como] colocando biquíni antes de ir à piscina. ‘Quem pode mexer aqui? Para quem você pode mostrar?’ Não é em tom de ameaça ou de medo. É com naturalidade. Na hora das cócegas, é preciso respeitar quando ela fala que é para parar. Isso tudo é educação sexual. ”
Segundo a psicóloga, o conteúdo das conversas vai ficando mais claro à medida que a criança cresce e passa a ter capacidade cognitiva para entender conceitos.
Não há como padronizar o que deve ser dito em cada faixa etária — se seu filho tem irmãos mais velhos ou vê TV sem supervisão, por exemplo, vai ter um acesso mais precoce a determinados temas e provavelmente começará antes a fazer perguntas sobre sexualidade.
O importante é respeitar o ritmo de entendimento e de curiosidade da criança.
🧘 O que fazer ao ouvir uma pergunta sobre sexualidade?
O segredo de como conduzir as conversas sobre sexualidade com seu filho está em ouvir o que ele tem a dizer.
“Quando a criança faz uma pergunta, a gente precisa conter a vontade de dar uma ‘palestra’. É melhor explorar o que ela já sabe”, diz Calegari.
Por exemplo: se a pergunta for “o que é sexo?”, você pode levantar outros questionamentos, como “onde você viu isso, filho? Me conte, aí consigo te explicar direitinho.” Pode ser que seja simplesmente um campo de “masculino ou feminino” em um formulário ou, de fato, uma dúvida de relação sexual.
A partir dessa sondagem, já dá para elaborar uma primeira resposta (que pode ser simples, sim, desde que seja verdadeira).
Mentir para a criança é sonegar uma informação importante para ela, que inclusive poderá protegê-la de abusos. E mais: quando ela descobrir a verdade, poderá entender que seus pais não são as melhores pessoas com quem conversar sobre sexo. Ninguém quer perder esse vínculo de confiança, certo?
➡️ “O nível de complexidade [das explicações] vai aumentando. Quando forem explicar como o bebê vem ao mundo, [pais e mães] não devem inventar nada sobre cegonha ou repolho. Já podem falar que ele veio na barriga da mãe”, diz Calegari.
“Depois de uns meses, talvez a criança pergunte também como o bebê entrou na barriga. Aí, já dá para dizer que papai colocou uma sementinha na mamãe. Mais um tempo se passa, e ela talvez queira saber como a sementinha foi colocada. Dá para dizer que o papai e a mamãe ficaram pelados, e o papai colocou o pipi dele dentro da vagina da mamãe.”
É claro que a explicação vai ser adaptada dependendo da história da família (o “passo a passo” muda se for um casal homoafetivo, por exemplo).
🆘 E se os pais e mães não souberem responder?
O segredo é não se desesperar. Quanto mais natural for o diálogo sobre sexualidade, mais à vontade as crianças se sentirão para tirar suas dúvidas dentro de casa.
“Nós precisamos evitar trazer a conotação de que falar de sexualidade é algo negativo ou constrangedor. Se a gente se assusta, elas não perguntam mais”, diz a psicóloga Wisnieski.
Se você não souber responder, não tem problema: é só pedir um tempinho a mais e pesquisar. “A regra geral é não mentir. Pode pensar com calma, desde que não deixe de responder depois. No dia seguinte, já pode dizer: ‘Aqui, filho! Descobri aquilo que você queria saber!’”, exemplifica Calegari.
🏠 Como agir diante de crianças se expondo em público sem perceber?
A masturbação infantil não é nenhum bicho de sete cabeças: faz parte do processo de desenvolvimento psicossocial e de autodescoberta. Quando a criança deixa de usar fraldas e passa a ter um acesso mais direto aos próprios órgãos genitais, pode ficar mais curiosa para tocar neles. Não se preocupe — o fato de ela sentir prazer nesses momentos não tem nada a ver com erotização precoce.
Cabe aos pais, mães e cuidadores avaliar em que ambientes esses episódios estão acontecendo:
- em casa ou em espaço protegido, como no banho ou no quarto: não há a necessidade de interferir, explicam as psicólogas ouvidas pelo g1. “É só fazer uma vigilância empática e ficar de olho, mas sem falar nada”, diz Calegari.
- em ambientes públicos ou na frente de pessoas de fora do núcleo familiar: é preciso conversar com calma – sem brigar ou repreender – e explicar que esses momentos devem ocorrer só na intimidade. Por exemplo: “filha, você está brincando com seu corpo, né? Mas só pode fazer isso na nossa casa, tá bom? Lembra que o papai e a mamãe explicaram que só quem pode ver sua vagina é a gente? É a mesma coisa. Só pode na intimidade.”
PRONTO, FALEI!!!
👉✍👍 Se não está no Portilho…. 🚀Não está no mundo 🌍🚀”.
Por: José Maria Portilho Borges (Jornalista)- MTB: 18.144/MG.