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👉💉🚑⚰🕯🌡😔😪Quando poderemos voltar a ser otimistas no Brasil?

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Imagem do trabalho de uma enfermeira em hospital em São Paulo. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Adolf Hitler, Josef Stalin, Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt leram na íntegra o livro “Psicologia das Multidões”. Escrita por Gustave le Bon, um dos mais influentes acadêmicos de sua época, a obra descreve em detalhes como as pessoas reagem, ou deveriam reagir, em momentos de crise. A premissa é que, sob ataque, o homem desce vários degraus da escada da civilização. A verdadeira natureza humana se revelaria diante do pânico e da violência.

Orientados por quem acreditava nesta hipótese, os pilotos de 348 aviões alemães decolaram em direção à Grã Bretanha em 7 de setembro de 1940. Durante os nove meses seguintes, mais de 80 mil bombas foram lançadas apenas sobre a capital, Londres. Os bombardeios aniquilaram bairros inteiros, destruíram ou danificaram um milhão de casas e mataram ao todo 40 mil pessoas no Reino Unido.

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Ao alvejar civis, o ditador nazista mirava não só pontes, fábricas e outros alvos estratégicos. Mirava a moral da população britânica. A aposta era que, em pânico, os inimigos seriam engolfados pela histeria. Era o que dizia a psicologia das multidões.

Em vez disso, porém, o que se observou durante os ataques foi uma estranha serenidade da sociedade britânica. Os serviços ferroviários continuaram funcionando. A economia doméstica mostrou resiliência. “Nossas janelas foram destruídas, mas nossas bebidas continuam ótimas. Entrem”, anunciava o dono de um pub logo após um ataque.

A esperada “devastação mental” não ocorreu. Havia, claro, raiva e tristeza, mas os tempos de guerra coincidiram com a queda, por exemplo, nos índices de suicídio. A sociedade britânica se fortaleceu de muitas formas.

Diferentemente do que previa Le Bon e seus leitores, a crise não fez aflorar o pior dos indivíduos, mas o melhor deles. No pior momento de suas vidas, a serenidade se sobrepunha ao abatimento moral com coragem, humor e disposição para ajudar as pessoas a saírem do inferno.

Tudo isso é descrito nas primeiras páginas do livro “Humanidade – uma história otimista do homem”, candidato a best-seller de Rutger Bregman que tem uma hipótese diagnóstica tão polêmica quanto radical: a de que, no fundo, a maioria das pessoas é bastante decente, embora desconfiada e pessimista.

Em diversos momentos da história, como no 11 de Setembro e o Titanic, a população deu mostras de que, diante de uma tragédia, prevalece a ordem e a solidariedade com quem mais precisa de ajuda —por mais que, no imaginário popular, seja comum a aposta de que, na hora do aperto, como um acidente, a ideia de que agora é cada um por si prevaleça e resulte em empurrões e atropelos, com crianças, idosos e pessoas com deficiência pisoteados. Não é bem assim.

A cooperação espontânea compete, sim, com um tipo de pânico, geralmente manifestado por autoridades ou endinheirados, que sempre pressupõem que não há mal que não piore quando a turba sai do controle. Por isso candidatos a autocratas costumam apelar à força bruta para evitar o mau maior, cenário que só existe na cabeça deles e baseado na suposição de que o cidadão comum é sempre regido pelos próprios interesses, como eles.

Já viu este filme, não?

A pandemia do coronavírus é, há mais de um ano, a nossa noite dos bombardeios. Sob ataque, temos testada o tempo todo nossa capacidade de juntar os destroços e reconstruir o que nos resta de inteligência e humanidade.

Se, na Europa, os ataques duraram nove meses, aqui as bombas se potencializam há mais de um ano. O coronavírus, como se sabe, sofreu mutações e se tornou mais mortal e contagioso. A variante inicialmente encontrada em Manaus ficou fora de controle com o boicote às medidas de isolamento necessárias para conter a sua propagação pela região norte, no fim do ano passado. É como se, diante dos alarmes de bombardeio, os britânicos corressem para fazer piquenique, e não para seus abrigos antiaéreos. Pois uma coisa é lidar com a tragédia com seriedade e resiliência; outra é fingir que ela não existe.

Luiz Henrique Mandetta, em cirúrgica entrevista ao Yahoo Notícias, mostrou por que se tornou uma das vítimas de quem preferiu destruir as sirenes.

Conforme os alertas foram ignorados, as variantes se fortaleceram. E a doença que, jurava o presidente Jair Bolsonaro, faria estrago “apenas” (reforço as aspas pelo caráter eugenista do argumento) a idosos, pessoas com deficiência ou com comorbidades, já matou uma multidão de pessoas “produtivas” (aspas de novo para serem lidas em voz alta) e com histórico de atleta. Agora é uma ameaça também a crianças, já sem perspectiva de retomarem a vida escolar — e sob medo de precisarem ficar longe dos pais caso precisem de internação.

Se a cena de uma criança sendo internada numa ala para infectados com Covid, sem contato com os pais, e sem saber se voltará a vê-los, não comove é porque já morremos por dentro.

Por sorte, não estamos mortos. Não a maioria de nós.

Dá para dizer, sem medo de errar, que são minoritários, embora barulhentos, os que botam os filhos em risco porque estão pagando as mensalidades em dia ou não sabem o que fazer com eles em casa 24h por dia, sete dias da semana.

Ainda assim, o especial do Yahoo Notícias sobre as novas variantes e a transmissão de Covid em crianças vem embutida com uma pergunta de fundo: como deixamos a coisa chegar até aqui?

Este filme estava repleto de spoiler. Nos últimos dias, ficou evidente como a condução errática da crise tem provocado aglomerações nas ruas e superlotação nos hospitais.

Lá, pessoas morrem à espera de atendimento. Sobrecarregados, os profissionais de saúde trabalham no limite. E não tem dia que não abrimos o Facebook e não vemos amigos se despedindo de amigos, parentes ou vizinhos. Muitos desses vizinhos somos nós.

Diante de tudo, como manter algum nível de esperança ou otimismo?

Não é fácil. Nem simples.

Manter a saúde mental é um desafio, mas as experiências históricas e pessoais, protagonizadas por sujeitos anônimos, mostram que Rutger Bregman talvez não seja tão Poliana como os detratores de sua tese apontam.

Em casa, quando minha mulher, que trabalha na linha de frente em um posto de saúde, teve o diagnóstico de Covid-19 confirmado, não faltaram mensagens de força e solidariedade à nossa família.

Enquanto ela se isolava em um quarto, e eu ficava em outra ponta, na sala, com meu filho, vizinhos deixavam na porta de casa almoço, pães caseiros e até doces.

Todo mundo mostrava preocupação e interesse. Ofereciam preces, cuidados e todo tipo de apoio. Foram dias difíceis, mas que nos fortaleceram —poder compartilhar o mesmo espaço com ela, dias depois, quando o vírus foi debelado, foi o nosso Dia D.

Da mesma forma, emergem nas mensagens que lemos diariamente uma gratidão que parecia soterrada em tempos de paz.

Mesmo quem perdeu familiares não esquece de agradecer os cuidados de equipes médicas, enfermeiros, atendentes e amigos em redes de apoio.

E, em homenagem a quem não puderam sequer velar, prometem seguir seus bons exemplos em vida enquanto tiverem força.

Essa força tem sido testada no momento mais mortífero da pandemia.

Como os autocratas de outros tempos, há uma aposta alta, vinda do alto comando, de que entraremos em pânico (da morte ou da fome), que não saberemos viver muito por muito tempo em isolamento e em breve começaremos a nos matar, promover saques, violentar nossos filhos e familiares.

Seria o pretexto perfeito para candidatos a ditadores, incapazes de manifestar solidariedade aos compatriotas mortos e convenientemente sensível aos apelos de quem teme quebrar na crise, instaurarem estados de sítio ou atos institucionais com o intuito de botar sob rédeas curtas a nossa índole exposta à barbárie.

O medo estimulado sobrevoa a sociedade brasileira como bombardeios pilotados por quem desorienta e boicota as medidas sanitárias de isolamento desde o princípio e alimenta a paranoia o tempo todo (“governadores e prefeitos embolsaram os repasses para o combate à pandemia e lucram com o caos”; “vacina produz morte e invalidez”; “isolamento é ditadura”, etc) e descrevem cenas de saques, fome extrema e violência como uma profecia autorrealizável. É a velha psicologia das multidões versão pão com leite condensado.

Diante de tanto ataque, e da extensão da tragédia que completa um ano em seu pior momento, com quase 3 mil mortes diárias e uma profusão de notícias desanimadoras, é difícil não admitir que a moral da população brasileira já foi alvejada.

O desânimo e a desesperança são fruto do cansaço e da perda de perspectiva, agravada pela vacinação lenta e pelo surto de ignorância de quem se nega a reconhecer a gravidade do coronavírus e a urgência das medidas sanitárias com os argumentos mais rasos: “vírus pega quem está em casa também”; “isolamento não funcionou em lugar nenhum do mundo”; “fila de hospital sempre existiu, mas agora é explorada por razões políticas”; “meu primo pegou e não morreu”; “a fome mata mais”; “estão tratando quem quer trabalhar como bandido”; “decreto inconstitucional não está acima da minha liberdade de ir, vir, me contaminar e contaminar quem eu quiser”.

Cada frase destituída de realidade, nexo ou evidência científica é um novo sintoma de um individualismo calcificado.

Fica ainda mais difícil manter qualquer fio de esperança quando se vê os efeitos práticos da negação alimentada por um senso defeituoso de coletividade e solidariedade.

É que, como lembra o autor de “Humanidade”, para os poderosos qualquer visão esperançosa da natureza humana é uma ameaça direta e subversiva.

Ela indica que precisamos de um tipo diferente de liderança. É como uma empresa descobrir de repente que não precisa de gerentes bem remunerados para patrulhar nossa índole necessariamente ruim e mal intencionada.

Há um tanto de reserva de mercado na aposta de que só nos comportamos como gente sob vigilância e ameaça.

Quebrar essa ideia é quebrar a aposta na destruição do que temos de melhor. Nossa humanidade. É isso o que nos distingue de outros animais e de robôs programados para repetir acriticamente o que aprendem no Whatsapp.

Podemos ser melhor que isso.

Ao menos a maioria de nós.

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