SÃO PAULO — O Ministério Público Federal ( MPF ) do Paraná denunciou nesta terça-feira o ex-senador e presidente nacional do MDB Romero Jucá (RO) por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Transpetro . Segundo a força-tarefa da Lava-Jato , o político recebeu pelo menos R$ 1 milhão em 2010, por pa
rticipação em negócios ilegais entra a subsidiária da Petrobras e a Galvão Engenharia.
O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que se tornou delator, também foi denunciado.
Segundo a investigação, a Galvão Engenharia pagava 5% do valor de todos os contratos que tinha com a subsidiária da Petrobras a integrantes do MDB que compunham o núcleo de sustentação de Machado na presidência da estatal.
Em relação a Jucá, a Procuradoria afirma que a propina foi disfarçada por meio de doação eleitoral oficial de R$ 1 milhão ao diretório estadual do MDB de Roraima em junho de 2010.
O valor corresponde à porcentagem paga por quatro contratos e sete aditivos conquistados pela empresa de engenharia.
Além disso, segundo os investigadores, a propina servia para garantir que a Galvão continuasse sendo convidada para participar de licitações da Transpetro.
De acordo com a Lava-Jato, o dinheiro iria para a campanha de reeleição de Romero Jucá ao Senado, além das campanhas do filho e de ex-esposa para o Legislativo.
“As investigações comprovaram ainda que a Galvão Engenharia não tinha qualquer interesse em Roraima que justificasse a realização da doação oficial, a não ser o direcionamento de propinas para Romero Jucá”, informou o MPF, por nota.
— A lavagem de ativos por meio doação oficial eleitoral é de intensa gravidade, pois, além de utilizar um mecanismo com aparência legítima para esquentar dinheiro ilícito, deturpa e desnivela o campo do jogo democrático — afirmou o procurador da República Athayde Ribeiro Costa.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Jucá, negou as acusações, colocou em descrédito as afirmações de Machado e criticou a “ânsia abusiva de poder” do Ministério Público.
Em nota, Kakay afirmou que Machado não falava em nome do ex-senador e que não se pode dizer que Jucá o indicou para a Transpetro em troca de propina.
“Afirmar que a contrapartida para a corrupção foi a indicação deste senhor para o cargo de presidente da Transpetro é, mais uma vez, a clara tentativa de criminalizar a política.
Atividade esta que os membros da força tarefa se empenharam com vigor, e que é um dos motivos da canibalização das estruturas políticas que levaram o Brasil a enfrentar esta quadra difícil, deprimente e punitiva.”
A defesa de Jucá diz que Machado “já deu provas nos últimos tempos que sua palavra não tem nenhuma credibilidade” e lembra de um pedido pela perda dos benefícios de sua delação.
O advogado Antonio Sérgio Pitombo, que defende Machado, disse que a ação penal faz parte do processo de colaboração de seu cliente e que a denúncia não surpreende os advogados.